
domingo, novembro 14, 2004
domingo, novembro 07, 2004
diluída na chuva
a chuva caiu
olhei
vi cair a chuva
ocultei a solidão do tempo
os olhos
fecho-os
e
imagino a chuva
assim miudinha caindo de raiva
imagino sorrisos no teu rosto
entre o sabor de beijos molhados
abrigo-me de ti
ou
de mim nem sei
penso que renasci nesses dias vagos
como em tantos outros dias
onde pensei que morri nas noites inventadas de nada
e que o nada era teu rosto
surgindo na passagem do nevoeiro
nada mais importa
que seja chuva ou nevoeiro,
o vento ou a madrugada,
que seja a infindável noite
ou um soluço diluído em poeiras
no tempo
quero que algo te traga
onda
olhei
vi cair a chuva
ocultei a solidão do tempo
os olhos
fecho-os
e
imagino a chuva
assim miudinha caindo de raiva
imagino sorrisos no teu rosto
entre o sabor de beijos molhados
abrigo-me de ti
ou
de mim nem sei
penso que renasci nesses dias vagos
como em tantos outros dias
onde pensei que morri nas noites inventadas de nada
e que o nada era teu rosto
surgindo na passagem do nevoeiro
nada mais importa
que seja chuva ou nevoeiro,
o vento ou a madrugada,
que seja a infindável noite
ou um soluço diluído em poeiras
no tempo
quero que algo te traga
onda
quinta-feira, novembro 04, 2004
resta-me uma recordação de um silêncio
Claridade dada pelo tempo
Deixa-me sentar numa nuvem
a mais alta
e dar pontapés na Lua
que era como eu devia ter vivido
a vida toda
dar pontapés
até sentir um tal cansaço nas pernas
que elas pudessem voar
mas não é possível
que tenho tonturas e quando
olho para baixo
vejo sempre planícies muito brancas
intermináveis
povoadas por uma enorme quantidade
de sombras
dá-me um cão ou uma bola
ou qualquer coisa que eu possa olhar
dá-me os teus braços exaustivamente
longos
dá-me o sono que me pediste uma vez
e que transformaste apenas para
teu prazer
nos nossos encontros e nos nossos
dias perdidos e achados logo em
seguida
depois de terem passado
por uma ponte feita por nós dois
em qualquer sítio me serve
encontrar o teu cabelo
em qualquer lugar me bastam
os teus olhos
porque
sentado numa nuvem
na lua
ou em qualquer precipício
eu sei
que as minhas pernas
feitas pássaros
voam para ti
e as tonturas que a planície me dá
são feitas por nós
de propósito
para irritar aqueles que não sabem
subir e descer as montanhas geladas
são feitas por nós
para nunca nos esquecermos
da beleza dum corpo
cintilando fulgurantemente
para nunca nos esquecermos
do abraço que nos foi dado
por um braço desconhecido
nós sabemos
tu e eu
que depois de tudo
apenas existem os nossos corpos
rutilantes
até se perderem no
limite do olhar
dá-me um cigarro
mesmo que seja só um
já me basta
desde que seja dado por ti
mas não me leves
poesia
não me tires
as tonturas que eu teria
que eu terei
sempre que penso cá de cima
duma altura vertiginosa
onde a própria águia
nada mais é que um minúsculo
objecto perdido
onde a nuvem
mais alta de todas
se agasalha como um cão de caça
leva-me a recordação
apenas a recordação
da vida martelada
que em mim tem ficado
como herança dada há mil e
duzentos anos
deixa que eu fique
muito afastado
silencioso
e único
no alto daquela nuvem
que escolhi
ainda antes de existir
. . .
Mário-Henrique Leiria
quando acabava sempre a mesma reacção:
<@the_sad_punk> lol
<@the_sad_punk> :)))))))
< 03onda > *~
<@the_sad_punk> *********
no isolamento da minha memória vou guardar-te e do lado de lá vejo-te envolto no prazer de leres
um dia no mesmo espaço onde tantas vez deslizaram palavras, vi-te pela última vez:
Session Start: Sat Oct 30 10:54:43 2004
Session Ident: #poesia
[10:54] [10:54] * Entrou no canal #poesia
[10:54] * Topic is '---> http://canaldepoesia.blogspot.com/ <--- mais uma crónica de outono '
[10:54] * Set by do-mundo on Fri Oct 29 13:35:20
nesse dia foram somando as horas sem tempo, numa intensidade de poemas ou textos e vi-te chegar à mesma janela onde muitos anos partilhamos juntos tantos momentos
[14:41] [14:41] * Entrou : the_sad_punk (K-nabis@127.137.245.28)
[14:41] * ChanServ sets mode: +o the_sad_punk
minutos mais tarde sem um sinal vi-te sair
[14:47] * Saiu : the_sad_punk (K-nabis@127.137.245.28)
e o comecei a escutar o silêncio.
agora abro diariamente a janela e aceno-te, mas tu já não me podes ver, escrevo palavras no espaço, olho e sinto um imenso vazio
onda
Deixa-me sentar numa nuvem
a mais alta
e dar pontapés na Lua
que era como eu devia ter vivido
a vida toda
dar pontapés
até sentir um tal cansaço nas pernas
que elas pudessem voar
mas não é possível
que tenho tonturas e quando
olho para baixo
vejo sempre planícies muito brancas
intermináveis
povoadas por uma enorme quantidade
de sombras
dá-me um cão ou uma bola
ou qualquer coisa que eu possa olhar
dá-me os teus braços exaustivamente
longos
dá-me o sono que me pediste uma vez
e que transformaste apenas para
teu prazer
nos nossos encontros e nos nossos
dias perdidos e achados logo em
seguida
depois de terem passado
por uma ponte feita por nós dois
em qualquer sítio me serve
encontrar o teu cabelo
em qualquer lugar me bastam
os teus olhos
porque
sentado numa nuvem
na lua
ou em qualquer precipício
eu sei
que as minhas pernas
feitas pássaros
voam para ti
e as tonturas que a planície me dá
são feitas por nós
de propósito
para irritar aqueles que não sabem
subir e descer as montanhas geladas
são feitas por nós
para nunca nos esquecermos
da beleza dum corpo
cintilando fulgurantemente
para nunca nos esquecermos
do abraço que nos foi dado
por um braço desconhecido
nós sabemos
tu e eu
que depois de tudo
apenas existem os nossos corpos
rutilantes
até se perderem no
limite do olhar
dá-me um cigarro
mesmo que seja só um
já me basta
desde que seja dado por ti
mas não me leves
poesia
não me tires
as tonturas que eu teria
que eu terei
sempre que penso cá de cima
duma altura vertiginosa
onde a própria águia
nada mais é que um minúsculo
objecto perdido
onde a nuvem
mais alta de todas
se agasalha como um cão de caça
leva-me a recordação
apenas a recordação
da vida martelada
que em mim tem ficado
como herança dada há mil e
duzentos anos
deixa que eu fique
muito afastado
silencioso
e único
no alto daquela nuvem
que escolhi
ainda antes de existir
. . .
Mário-Henrique Leiria
quando acabava sempre a mesma reacção:
<@the_sad_punk> lol
<@the_sad_punk> :)))))))
< 03onda > *~
<@the_sad_punk> *********
no isolamento da minha memória vou guardar-te e do lado de lá vejo-te envolto no prazer de leres
um dia no mesmo espaço onde tantas vez deslizaram palavras, vi-te pela última vez:
Session Start: Sat Oct 30 10:54:43 2004
Session Ident: #poesia
[10:54] [10:54] * Entrou no canal #poesia
[10:54] * Topic is '---> http://canaldepoesia.blogspot.com/ <--- mais uma crónica de outono '
[10:54] * Set by do-mundo on Fri Oct 29 13:35:20
nesse dia foram somando as horas sem tempo, numa intensidade de poemas ou textos e vi-te chegar à mesma janela onde muitos anos partilhamos juntos tantos momentos
[14:41] [14:41] * Entrou : the_sad_punk (K-nabis@127.137.245.28)
[14:41] * ChanServ sets mode: +o the_sad_punk
minutos mais tarde sem um sinal vi-te sair
[14:47] * Saiu : the_sad_punk (K-nabis@127.137.245.28)
e o comecei a escutar o silêncio.
agora abro diariamente a janela e aceno-te, mas tu já não me podes ver, escrevo palavras no espaço, olho e sinto um imenso vazio
onda
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